– Vamos ao monobloco?
– Quando?
– Quinta, véspera de feriado. Tem convite no kone, posso comprar o seu?
Neste instante, um fluxo de consciência: livros, edital, torre, aula no sábado, reunião no feriado, textos, simulado, casamento no sábado, viagem no domingo, resumos. Em cinco minutos, chego a conclusão que o mais sensato e prudente é ficar em casa e rever gestão governamental.
– Vou sim, pode comprar!
E no instante seguinte, fico me perguntando porque tenho tanta dificuldade em dizer simplesmente não para as pessoas e porque insisto em ir contra a minha intuição. Ou seria consciência?
Passo dois dias sofrendo de consciência pesada antecipadamente pela minha imprudência, quando recebo uma ligação:
– Você não vai acreditar!
– O que foi?
– Acredita que a menina não comprou os nossos convites?
– Mentira!
– Pois é! Agora subiu o preço! Topa se for pista mesmo?
– Ai.. não vou…
– Por quê?
– Tô a dois dias com peso na consciência de ir pra esse show.. só pode ser um sinal!
– Que sinal? Isso não existe!
– É um sinal! Não vou!
E após negociações, o show é substituído por um cinema no final da tarde do feriado, após comprar sapatinhos para a viagem de domingo.
– Alguma sugestão de filme?
– Hum.. não sei…
– Vou pesquisar na internet.
– Algo alegre, por favor!
– O que foi?
– Estou lendo “o caçador de pipas”.. é triste de mais.. preciso de algo bem alegre.