Que escorpianos tendem a sofrer por qualquer coisa, já era fato com o qual havia me acostumado e – até certo ponto – aceitado.
Mas nestes dias em que vivo imersa em livros, cadernos e textos, sinto a angústia da saudade de uma vida que eu tinha até há algum tempo atrás.
E quando recebo mensagens de “vinho no pontão” ou “passeio no parque” e lembro que combinei de estudar com uma amiga – que, inclusive, é intolerante com faltas e me mataria caso eu não estivesse em casa no horário combinado, isso somado ao peso na consciência por sempre achar que poderia, e de fato poderia mesmo, estudar mais -, sinto vontade de jogar tudo para o alto e ser – mais uma vez – inconsequente e, na falta de coragem, fica aquela ponta de dúvida se tudo isso realmente vale a pena, se já não sou feliz com o que tenho agora, apesar da fatura do cartão de crédito me dizer que não. No fundo, sei que estes momentos que perco de estar ao lado deles fazem parte daquela lista de coisas que realmente importam e fazem a vida valer a pena. E isso me mata.
Então lembro da faculdade de farmácia – tempo no qual aprendi muito pouco sobre a grade curricular e muito sobre as pessoas, relacionamentos e, principalmente, sobre a vida -, quando recusei todas as oportunidades de estágio por não querer abrir mão do convívio com as pessoas que eram presença constante em todos os minutos daquela vida louca e, tantas vezes, bandida.
Neste instante de angústia – sempre digno de uma novela mexicana, como as vezes parece ser minha própria vida -, demonstro toda a minha capacidade de dramatizar as situações com mensagens de “ah.. parece que não te vejo há um mês..” e começo a inventar desculpas para mim mesma para faltar uma aula ou um compromisso, como a de que um blitz na entrada da quadra me impediria de chegar ao cursinho.
Mas, faltando me o juízo em tantas coisas, encontro de sobra nas pessoas que tanto gosto e me dizem: “vai pra aula!!” ou “quer passar? então, estuda!!”, sempre acompanhados de um “bom estudo” e “logo tudo isso passa”.
Espero que tudo isso passe mesmo.. e eu passe – ainda lúcida, se possível – também.
Se não tivessem me custado tanto e não fosse minha paixão pelos livros, cogitaria a possibilidade de um ritual para queimar tudo após a temida prova em agosto.
Tá.. agora chega de drama e de volta aos estudos.