Eu já tive um amigo hippie. Conheci numa mesa de bar, em uma conversa sobre “filhos de barãozinho” entre panos de brincos e penduricalhos psicodélicos. Depois disso, passavamos horas e mais horas de tardes sentados nas calçadas do centro da cidade conversando sobre a vida, sobre andanças, tatuando o corpo com henna e vendendo colares artesanais. E à noite, dividíamos mesas de bar, discutindo – enquanto ríamos – com os garçons que não entendiam nossa amizade. Ele interfonava e me acordava no meio da madrugada porque sua amiga chegou de viagem e tinha fome. Eu pedia pra ele criar um anel diferente com uma pedra azul grande. Ele acabou se apaixonando pela minha prima. E eu acabei passando horas intermináveis embaixo do prédio enquanto ele desabafava sobre sua paixão impossível e essas coisas mais da vida. E nossa amizade ainda continuou por muito tempo mais.
Apesar do hippie ser ele, nossa amizade se perdeu quando eu mudei de cidade. E é assim que me lembro.
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