Acabou o inverno.
E bastou três noites seguidas com clima de verão. Daquelas em que se sai de casa descuidadamente sem casaco, apesar de todo o alarde sobre a epidemia – histeria – da gripe. Daquelas frequentadas por moças desavergonhadas em vestidos e saias, expondo pernas, braços e alma. Daquelas em que se desfila com os pés desnudos em sandálias e chinelinhos. Das noites indiscretas em que se dorme com a janela aberta e poucas – ou quase nenhuma – coberta.
Pois é no calor dessas noites que a alma não se aquieta. Quer sair às ruas, mesmo que sem calçadas, espiar toda essa gente que passa. E o riso vem quase que no encalço da brisa fresca que dissemina a alegria dos que vivem esses sonhos típicos de uma noite de verão. E até uma tristeza deslocada se torna tão pequena que parece desaparecer na alma que se engraça com o riso e a conversa.
E nestas noites longas – pois a madrugada nos chega delicadamente sem o alarde do frio e nos faz perder a noção do tempo que adentra as últimas horas da noite -, o mundo todo se torna o nosso próprio quintal florido e doce. A alma não sossega mais em casa e qualquer lugar com mais de três paredes se torna sufocante. O que se deseja mesmo é se perder livremente na noite. Despretenciosamente, despreocupadamente.
Tá difícil ficar em casa nestas últimas noites…
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