Depois do primeiro trimestre de muito sono, percebo que não é só o paladar e olfato estão mais aguçados.
É como se todos os sentidos estivessem super aguçados.
Entro na piscina sentindo como se a água estivesse abraçando todo o meu corpo. Caminho dentro dela sentindo a água passando por mim a cada passo.
Entro no chuveiro e sinto a água quente do chuveiro massageando minhas costas e minha cabeça. Agora meus banhos demoram mais porque fico cinco minutos imóvel embaixo da água só curtindo enquanto o corpo relaxa. Consigo identificar as dores do meu corpo, de onde elas vem, pra onde elas vão, qual sua intensidade.
Talvez esse aumento de consciência corporal já seja um começo de preparação para o parto.
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A gravidez e a maternidade parecem uma licença prévia para que o mundo todo encha sua cabeça de “conselhos” e super dicas.
– É menina?
– Aham, Camila.
– Você sabe que ela vai fazer sexo, né?
– ???
(Será que filho menino não faz? – minha dúvida)
– Tá passando bucha no bico do peito? Tem que passar!
– Não pode passar bucha no bico do peito, viu?
– Come azeitona que faz bem!
– Não come azeitona que tem muito sal e faz mal.
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Parece que o lado negro da maternidade é a tendência do momento.
No grupo de gestantes, no facebook, na internet, nas conversas, todos me dizem “todo mundo só fala do lado bonito da maternidade, ninguém fala o quanto é difícil e cansativo” e então enumeram todas as mazelas da maternidade.
– Aproveita pra dormir agora porque depois vai ficar meses sem dormir!
– Agora é bom, espera pra ver quando nascer!
– Você não vai ter tempo nem pra pentear o cabelo..
– Você não vai conseguir sozinha.
– Não é nada fácil..
Mal sabem que hoje difícil mesmo é encontrar as palavras de como pode ser gostosa a maternidade – e, por isso, guardo com tanto carinho as poucas que me tranquilizam o coração.
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Tem hora que dá uma ansiedade porque o tempo demora e queria que nascesse logo pra poder ver de quem ela puxou o nariz.
Tem hora que dá um susto do quanto passou rápido e que a fase da barriga poderia durar um pouco mais.
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Quando me dizem que o amor que sinto por ela agora não se compara ao amor que sentirei quando ela nascer, sinto um pouco de medo ao pensar nesse amor tão falado que cresce sem parar. Será que aguentarei tanto amor assim de uma vez? Mas aí percebo que o meu amor que sinto pelo pai dela nem se compara ao amor que sentia no começo do namoro, nem mesmo àquele amor do dia do casamento que parecia não poder ser maior que aquilo e então fico mais tranquila.
Que venha sempre mais amor.
Você é muito linda, Mi! Camila terá uma mãezona!